segunda-feira, 1 de agosto de 2011

† Solidão †

Solidão

Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento. A solidão é mais do que o sentimento de querer uma companhia ou querer realizar alguma atividade com outra pessoa não por que simplesmente se isola mas por que os seus sentimentos precisam de algo novo que as transforme.

Poemas:


Oh solidão, que te apoderaste do meu ser,
Que a toda a hora me acompanhas.
É também teu o meu sofrer,
É em minhas lágrimas que te banhas.

Agora dia e noite não estou só,
Prometes estar comigo até ao fim,
Talvez por pena ou por dó
Preenches o vazio que há em mim.

E à noite, como que em segredo,
Deitas-te na cama a meu lado,
Junto de ti adormeço sem medo
E agradeço por te teres aproximado.

Se não fosses tu, amiga solidão,
Quem teria eu comigo agora?
Todos me abandonaram sem sequer
Meditarem porquê que meu coração chora.

Minha amiga, a quem eu já
Trato por tu, por tão bem conhecer.
És a única que me escoltas
Neste turbilhão do meu sofrer.




Aproximo-me da noite 
o silêncio abre os seus panos escuros 
e as coisas escorrem 
por óleo frio e espesso 

Esta deveria ser a hora 
em que me recolheria 
como um poente 
no bater do teu peito 
mas a solidão 
entra pelos meus vidros 
e nas suas enlutadas mãos 
solto o meu delírio 

É então que surges 
com teus passos de menina 
os teus sonhos arrumados 
como duas tranças nas tuas costas 
guiando-me por corredores infinitos 
e regressando aos espelhos 
onde a vida te encarou 

Mas os ruídos da noite 
trazem a sua esponja silenciosa 
e sem luz e sem tinta 
o meu sonho resigna 

Longe 
os homens afundam-se 
com o caju que fermenta 
e a onda da madrugada 
demora-se de encontro 
às rochas do tempo 


Solidão coroada de rosas, quem pudera 
aprisionar teu corpo de sol e de harmonia; 
estar dentro de ti toda esta primavera 
de sangue, e folhas secas e de melancolia! 

Que palpitasse, em sonho, teu coração sonoro 
sobre o meu coração sequioso de ideais; 
minha palavra fosse uma palavra de ouro 
de teus inesgotáveis e puros mananciais! 

Ai! Quem, iluminando a sombra alucinada 
que de espinhos coroa minha pálida tristeza, 
pudesse ser teu amor, oh deusa coroada 
de rosas, solidão, — tu que és mãe da beleza! 


A solidão é perfeita como um rasgo entre 
as nuvens, ao último sonho. A solidão 
que se cala em teu fundo e vai envelhecendo 
na terra perdida do som descompassado. 

Te guardas na intimidade dos armários, 
onde a paz é negra e se desagrega a luz. 
Nunca foste mais do que uma ficção, matriz 
de riso e sombra, um poço verde, teorema 

de ilusões, engrenagem de poentes roxos. 
E, agora, frouxo, já nada designas ou 
desenhas. És, apenas, testemunha efémera 

e longínqua, trovão engolido de Deus, 
fingidor ferido de doces cantos, mentira 
precária nas cordas de uma harpa febril. 

Seria eterno, se não fosse entrando 
por aquele país de solidão, 
aonde ver a luz alarga, quando 
e alarga, à volta, a vinda do verão. 

Seria eterno. Assim somente o brando 
movimento de entrar se lhe mensura, 
conforme ver, ao ir-se dilatando, 
amplia o campo útil da ternura. 

E, enquanto entra, um cântico de brisa 
lembra quanto por campos foi outrora 
tempo apagando a sua face lisa, 

qual se alisando, se apagasse a hora. 
E, indo entrando, a solidão se irisa 
e o vai esquecendo pelo tempo fora. 



Imagens:

















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